Cada indivíduo pode ser agente transformador do seu entorno
No final do ano passado comentei com vocês sobre práticas ecológicas que uma hospedagem pode ter. Esse mês visitei um refúgio distante do litoral, mas que me encantou. E como esse blog é para trazer orgulho, alegria, conhecimento e boas dicas, hoje o bom exemplo é dado pela pousada Ronco do Bugio.
Localizada a cerca de 2 horas da capital paulista e com uma área de 12 hectares, ao chegar todos os seus sentidos são influenciados pela mata densa. O som dos bugios que habitam o lugar dá sentido ao nome. Os funcionários, extremamente cordiais, não medem esforços para agradar aos hóspedes.
José Luiz Majolo, que já frequentava essa região, começou a perceber que o desmatamento e a caça estavam cada vez mais graves e que toda essa riqueza e mata atlântica estavam ameaçadas.
Se questionando como evitar isso, Majolo teve a ideia de construir algo que pudesse oferecer outras fontes de renda para moradores locais e, assim, assegurar a floresta.
"Conhecer e contratar gente da terra é uma forma de auxiliar o desenvolvimento de Piedade (cidade onde está localizada a pousada). Na cozinha utilizamos ingredientes locais, em boa parte orgânicos, que não só deixam a comida mais fresca e saborosa, como também promovem a economia e a conscientização dos produtores da região", me contou Majolo.
Fiel ao propósito, ele e sua esposa fizeram questão de utilizar apenas material de demolição e tijolos antigos para levantar novas paredes. Fatima Majolo me disse que eles aproveitaram espaços que já não tinham mata e é por isso cada chalé tem sua decoração e localização únicas, que não obedecem a nenhum padrão, mas todos são de extremo bom gosto.
Passei 3 dias respirando o ar úmido e limpo da mata atlântica. Fiz diversas trilhas, por sinal muito lindas e bem sinalizadas, e que me levaram a 2 cachoeiras geladas e revigorantes. Conforme caminhava, me perguntava como seria o mundo se todos os hotéis, pousadas e moradores pensassem e agissem como a família Majolo…
"Sabemos que a preservação da mata começa no abastecimento de água que é feito pelo poço artesiano do terreno. Assim, eliminamos uma grande quantidade de garrafas plásticas e de C0² gerado no transporte. Aqui também desenvolvemos uma mini-hidrelétrica, que aproveita o declive natural do terreno e gera cerca de 30% da energia que consumimos. Não usamos nenhum produto de limpeza que contém substancias ácidas, cáusticas ou corrosivas. A água que usamos volta para a natureza depois de tratada com bactericidas naturais. E os uniformes dos funcionários são confeccionados com algodão orgânico e tingimento natural na sua produção", relatou orgulhosa Gabriela Majolo, filha e atualmente administradora desse caso incrível de hospedagem sustentável.
No final do dia fui assistir ao pôr-do-sol da jacuzzi dessa pousada e degustei alguns aperitivos do cardápio que esses descendentes de italianos escolheram a dedo.
E, de verdade, essa pousada é linda, rústica, confortável ao extremo, chique, gostosa, mas o maior charme dela, sem dúvida, é servir de exemplo de como cada indivíduo pode ser agente transformador do seu entorno. Bonita por fora, mas principalmente por dentro.
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