Viagens e imagens: um exercício de autoconhecimento e culturas
Sempre viajei muito sozinha.
Gosto da simples contemplação das paisagens que me atravessam, da introspecção que os diálogos silenciosos "de mim comigo mesma" provocam. É uma forma de meditação. Um mergulho profundo em verdades e medos, que muitas vezes estão muito bem escondidos lá dentro da gente e quando viajamos – ficando longe de família, amigos e pequenos confortos materiais – eles afloram. Mas é também uma chance de crescimento, de rever conceitos e ressignificar o olhar dos nossos hábitos e nossa cultura, a partir de outra cultura.
Viajar nos esculpe.
Vai tirando, camada após camada, os excessos. Nos deixando crus e alinhados novamente com nossa verdadeira essência.
Tendo visitado mais de 100 países, por inúmeras vezes me peguei em lugares absolutamente surpreendentes e que me faziam pensar: "Todo mundo, ao menos uma vez na vida, precisava ver isso daqui". Muitos desses lugares, cantos remotos do planeta de difícil acesso e logística complicada.
Lugares em que poucos turistas conseguem chegar. Locais de natureza intocada, de cultura rica e de beleza ímpar. O mundo, apesar de globalizado e com sinal 4G em quase todo canto, ainda esconde joias escondidas.
E foi pensando justamente em compartilhar experiências únicas nesses lugares excepcionais que comecei a organizar pequenos grupos para viagens que chamo de "épicas". Junto com o amigo fotógrafo – e também sócio – Andrei Polessi, começamos a montar roteiros de expedições fotográficas pelo mundo: visitamos monges em monastérios isolados nos Himalaias, comunidades sherpas no Nepal, tribos no interior da Etiópia, vilas de agricultores no vale de Zanskar – extremo norte da Índia.
Nosso desafio é facilitar o acesso a lugares escondidos. Muito mais que levar as pessoas para fotografar paisagens magníficas e culturas de beleza única, oferecemos uma experiência de imersão antropológica. Queremos mostrar a verdade local, ao invés de lojinhas de souvenires ou paisagens emolduradas de dentro de um ônibus com ar-condicionado.
Isso muitas vezes envolve ter que sair da zona de conforto. Envolve dormir em barracas aos pés de um glaciar durante uma nevasca, comer sentado no chão aos pés de um fogão à lenha de uma casa sherpa ou ainda abrir mão de banho por alguns dias.
Muitas vezes para se ver o arco-íris é preciso encarar a chuva.
A recompensa disso tudo vem em imagens espetaculares, mas principalmente em encontros e momentos inesquecíveis. Uma experiência real e para toda a vida. A fotografia acaba sendo só uma desculpa que usamos para estar ali, vivendo aquilo.
Foi assim agora no Nepal com nosso último grupo.
Por quase duas semanas, percorremos caminhos fora do "mainstream" na região do Annapurna. Na companhia de meu amigo e "anjo da guarda" das escaladas, Pemba Sherpa – juntamente com seu time de sherpas da comunidade de Patle – pudemos experimentar a hospitalidade e a cultura local como poucos.
Fizemos imagens absolutamente maravilhosas. Registros primorosos de trekkings espetaculares por entre as montanhas mais altas do mundo (um dia caminhamos até 4.200 m de altitude), visitas a vilarejos e seus moradores e monastérios budistas milenares. Nos aquecemos em lodges simples tomando o famoso ginger-lemon-honey tea, nos jogamos no vazio de parapente em Pokhara e após um voo de helicóptero épico por entre montanhas de 8.000 m de altitude, pousamos no Tilicho Lake, a 5.100 m, para uma sessão de fotos.
Namaste.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.